Semana passada, concomitante à Feira Hospitalar, aconteceram dois eventos tratando das questões da Tecnologia da Informação ligadas a Saúde.
Um deles sob a responsabilidade da Universidade São Camilo a ADH´2009 e o outro ligado aos próprios realizadores da feira, o ClasSaúde.
O mês de Junho, nestes últimos 5 anos tem sido um momento importante para alinhar as nossas expectativas, não só no que diz respeito a atividade médica e hospitalar, pois a Hospitalar é o maior evento do ramo na América Latina e a cada ano com uma presença internacional cada vez maior, como também ver e ouvir as novidades na área de TIC e Saúde no Brasil e no mundo.
Surpreendentemente estes eventos vêm mostrando que apesar das dificuldades tecnológicas inerentes à um pais em desenvolvimento, as nossas ações estão muito bem posicionadas em relação àquelas desenvolvidas no primeiro mundo. Algumas destas conclusões não são minhas, mas sim de convidados estrangeiros que assim se manifestaram e pelo que senti não foi por educação ou algo semelhante mas sim por convicção.
O fato de estar escrevendo sobre este tema é para poder anotar de forma clara a ausência nos dois eventos de dois temas, que sinto não apenas necessários serem postos para discussão, como também por estarem gerando controvérsias.
O primeiro deles é com relação a discussão e denominação de Certificação de Software e Certificação Digital que tanto vem confundindo as pessoas.
Eu tenho insistido muito, inclusive mais de uma vez pude expressar minha preocupação com a mistura destas duas certificações, tendo em vista que a confusão já está formada, pois pessoas acham que software certificado é aquele que tem certificação digital.
Eu penso que o termo Certificação Digital já é um termo consagrado e adotado em várias atividades na área da tecnologia e com grandes dificuldades de ser modificado, mesmo porque não me parece necessário.
Por outro lado a Cerificação do Software é uma ação que além de muito nova, é restrita a área da saúde e poderia ser substituída por Homologação do Software.
Por outro lado, neste mesmo momento estamos convivendo com os processos de Acreditação Hospitalar que além de ter uma terminologia internacionalmente adotada, vem confundir mais ainda as nossas “certificações”.
Assim sendo, por exemplo, poderíamos ter a
A instituição ABC ACREDITADA pela Joint Commission International,
Possui o Software XYZ HOMOLOGADO pela SBIS/CFM
Com CERTIFICAÇÃO DIGITAL em todos seus setores.
Os termos Homologação, Certificação e Acreditação estariam referindo-se a coisas distintas e sem a menor chance de confusão.
Parece que a SBIS, que recém publicou sua última versão do Manual de Cerificação, está estudando a questão, pois argumenta que praticamente no mundo inteiro se usa o termo "Software certification". O próprio Presidente da SBIS tentou dirimir a dúvida em artigo publicado no Business saúde.
Todo este processo é muito novo para todos nós que nele estamos envolvidos, permeados de dúvidas e questões que vão aparecendo e sendo progressivamente solucionadas, com apoio da SBIS/CFM bem como a ANVISA com um trabalho competente e brilhante.
Outra questão esquecida nos eventos diz respeito à um nova personalidade que está chegando, ou já chegou em nosso meio, e que esta sendo chamada de Paciente Expert ou Paciente Informado.
Recentemente escrevi um post sobre o assunto tendo em vista a relevância do mesmo, e tivemos um evento, que também está disponível em vídeo.
De uma forma simples trata do paciente que usa as informações da internet para esclarecer suas dúvidas com relação a um diagnóstico médico que tenha sido feito, ou mesmo busca informações para se municiar para a consulta médica. Ou seja, antes ou depois da consulta médica, o paciente procura a internet para se informar.
Não tenho a intenção de discutir o assunto neste momento tendo em vista a sua complexidade e os vários enfoques sobre o assunto, dependendo do ponto de vista que é abordado.
De qualquer forma dois aspectos são fundamentais e precisam ser rapidamente equacionados.
O primeiro deles é a presença do próprio paciente para discutir com todas as pessoas envolvidas no seu atendimento as questões que lhe dizem respeito.
Não faz sentido nos dias de hoje uma discussão sobre Prontuário Eletrônico do Paciente sem a presença do paciente.
A segunda questão é estabelecer critérios para que as informações postadas na rede tenham credibilidade e sejam verdadeiras. Estas ações me parecem mais complexas no sentido que deverá envolver um número significativo de pessoas e Instituições para que se possa oferecer ao Paciente Informado a informação de boa qualidade.
Neste espaço você vai encontrar questões que de alguma forma originaram o próprio nome do Blog e estaremos abordando as questões da Saúde e da Tecnologia da Informação, ou a mistura das duas, enunciadas como textos e imagens. Esta imagem panorâmica foi capturada pela sonda Phoenix Mars Lander em 10 de Junho de 2008 no 16º dia após o pouso na superfície de Marte e em primeiro plano vemos seus painéis solares e o braço robótico. Credit:NASA/JPL/University of Arizona,Tucson. E não é bobagem...
Por outro lado, a imagem do plano de fundo foi feita pela Curiosity Mars Science Laboratory em 08 de setembro de 2012 no 33º dia após o pouso na superfície de Marte observando-se o solo marciano como jamais foi visto. E também não é bobagem...
Image credit: NASA/JPL-Caltech/MSSS.
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4 comentários:
Eu acredito que a certificação de software não irá acontecer de imediato. Um certificado Digital pode ser adquirido e incorporado rapidamente a um aplicativo, para validar assinaturas, mas a certificação de software, no modelo da SBIS ainda vai demorar para acontecer por todos os setores do mercado porque tem um custo que algumas softwarehouses não querem bancar.
Segurança, qualidade da informação, confidencialidade ainda não são regras factuais nos sistemas que tenho visto por ai. Muitas empresas tem alegado o "PEP", mas poucas tem realmente provado que o PEP delas é aderente ao modelo proposto pela SBIS.
Mas é uma caminhada, e antes caminhar a passos lentos que ficar parado.
Olá Manthis,
Obigado pelas considerações.Acho que em parte voce tem razão com o descompasso entre o mercado e a SBIS. Entretanto, está tudo muito no começo, A SBIS está ouvindo as empresas e penso que haverá um meio termo para resolver a questão. Aliás a terceira versão do manual já é uma demonstração disto.
Por outro lado precisamos concordar que os propósitos da SBIS/CFM são os melhores possíveis e portanto precisamos apoiá-los.
Abraço
Como sempre, muito oportuna e interessante sua opinião sobre os dois assuntos, Dr. Leonardo!
Também concordo que o termo "certificação de software" precisa ser ampliado, visto que apesar da quantidade EHR no Brasil não há nenhum certificado pela SBIS. Portanto temos excelência em certificação, mas sem nenhuma aplicação real.
E concordo também com o Manthis, apesar de não ser só o custo o elemento limitador, mas os requisitos inerentes ao software a serem cumpridos, que na minha opinião são essencias, mas que a maioria dos sistemas não possui.
em tempo: vou republicar seu artigo lá no blog TiMedicina =D
Parlamentares e entidades filantrópicas debatem ações de saúde em Brasília
Confira no Portal:
http://portal.fenam2.org.br/portal/showData/385763
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