Por outro lado, a imagem do plano de fundo foi feita pela Curiosity Mars Science Laboratory em 08 de setembro de 2012 no 33º dia após o pouso na superfície de Marte observando-se o solo marciano como jamais foi visto. E também não é bobagem...
Image credit: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

M de Mulher

Como se não bastasse o M de Mulher ele ainda é M de Magia,
M de Meiga, M de Magistral sem falar de M de Mãe e M de Médica.
Neste momento não estou pretendendo fazer a apologia da Mulher, pois não é o objetivo destas linhas.
O que me levou a escrever sobre a Mulher, Mãe e Médica, inicialmente foi uma pesquisa realizada pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) sob a responsabilidade do Dr. Max Grinberg. Nunca havia visto uma avaliação deste tipo mesmo que regional, focando a mulher médica e cardiologista, e também, quiçá por uma dose de influência de ler e apreciar Samantha Shiraishi e Liliane Ferrari.
Para tanto, a SOCESP entrevistou 312 profissionais que trabalham e vivem no Estado de São Paulo, para estabelecer estratégias específicas e ainda entender às suas demandas.
Verificou o papel e o perfil destas mulheres modernas que, além do exercício da medicina, são mães, esposas, filhas, enfim, tem sua indiviualidade, suas necessidades e seus anseios.
As respostas foram obtidas entre mulheres de 40 a 89 anos, entre maio e agosto de 2008 durante dois eventos realizados pela SOCESP um em São Paulo e outro em Campos do Jordão.
Do total, 56% são casadas, 30% solteiras, 6% divorciadas e 8% não informaram o estado civil.
Detalhe curioso diz respeito ao papel da cardiologista em sua família, pois constatou-se que 66% são provedoras da sua casa, contra 32% que não são; além de 2% de respostas em branco.
Talvez seja esta a informação mais diferenciada de acordo com a realidade da mulher moderna.
Com relação ao aspecto profissional 61% possuem título de especialista em cardiologia, 31% não possuem e 8% não informaram. A questão sobre a pós-graduação não foi respondida por 61% das entrevistadas. Entre as demais, 26% têm o curso lato sensu e 13% escolheram a vida acadêmica ou de pesquisa, em stricto sensu.
A área de atuação com mais mulheres cardiologistas é a clínica adulta, com 60%, seguida de pesquisa 7%, pediatria e ecocardiografia 4%, cardiologista intervencionista 3%, além das 22% atuantes em outras especialidades relacionadas a saúde cardiovascular.
Com presença maciça nas atividades científicas, 73% das entrevistadas frequentam os congressos nacionais, 18% os internacionais e apenas 9% não forneceram respostas. Ainda nesse aspecto, 37% publicam artigos científicos.
Penso que este levantamento singelo e despretencioso, porém consistente, represente a realidade que vivemos em nosso estado, que talvez seja idêntica à outros tantos e que, de qualquer forma, é motivo de orgulho para todos nós.

Viva as nossas Mulheres Médicas com M Maiúsculo.

Resumo feito a partir de artigo publicado no jornal da Socesp Julho/09.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Medicina e tecnologia da informação criam profissões sem nome

Eu tenho escrito e reclamado que o desenvolvimento da Tecnologia da Informação em Saúde fez com que aparecessem, para um mercado emergente, novos profissionais, com novo perfil, trabalhando com finalidades muito bem definidas porém com profissão sem nome.
A evolução da medicina está cada vez mais próxima da tecnologia, como por exemplo, robôs que servem de assistentes de médicos, muitas vezes fazendo seu trabalho com a precisão que o ser humano não é capaz. Novos e sofisticados programas de diagnósticos por imagem estão surgindo e cirurgias e pacientes já são monitorados a distância.
Paralelamente os sistemas de gestão do controle do “negócio da saúde” e os sistemas assistenciais de controle do paciente vem abrindo caminho para um cem número de profissionais de várias áreas atuarem, inclusive médicos.
Estes fenômenos não só estão criando novas profissões (não regulamentadas ou reconhecidas) como exigem a educação continuada dos profissionais da saúde, bem como abre frentes para especialistas de outras áreas que nunca imaginaram atuar na área da saúde.
Médicos tornam-se executivos de TI, físicos trabalham em hospitais e engenheiros começam a estudar medicina, para poder exercer com competência a engenharia Clínica, a qual não temos bem definido os seus limites com a TI. Farmacêuticos passam a freqüentar sistemas de gestão para fazer com que a sua velha farmácia participe deste novo modelo de saúde. O mesmo poderia se dizer dos fisioterapeutas cada fez mais armados com equipamentos incríveis todos eles controlados por sistemas muitas vezes tão complexos que necessitam dentro da instituição analistas desenvolvedores e até mesmo engenheiros de sistemas.
Em alguns centros de pesquisa no Brasil onde se trabalha com tecnologia de ponta há investimentos em várias especializações, com profissionais bolsistas em mestrado, doutorado ou pós doutorado. Em algumas Faculdades de Medicina do país já temos incluído na grade curricular a Informática médica.
O desenvolvimento da genômica, com especial enfoque em câncer, a neurociência, o monitoramento de doentes pela e - medicina, a terapia celular e as pesquisas clínicas, são algumas das áreas novas de desenvolvimento tecnológico que necessitam de pessoas com formação adequada.
As áreas que ganham ênfase hoje e a necessidade que as instituições têm de atualizar seus profissionais, fizeram com que mais campo de trabalho fosse disponibilizado para pesquisa, especialmente em doenças vasculares, neurológicas e oncológicas, estas principalmente em diagnóstico, é a opinião do geneticista Carlos Alberto Moreira, que atua como pesquisador há 25 anos e comemora o fato de que ao longo da sua carreira presenciou vários avanços,como a grande explosão da biotecnologia e o advento das novas tecnologias ligada as imagens.
Um dos principais entusiastas da união da medicina com a robótica é o coordenador geral da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Chao Lung Wen. Ele explica que hoje ocorre uma convergência de profissões em prol da saúde, de forma tal que os profissionais de tecnologia da informação e ciências da computação são importantes para viabilizar os portais de aquisição de informações e obtenção de segunda opinião médica.
Estes profissionais atuam na comunicação via videoconferência ou streaming (áudio mais vídeo em tempo real). No desenvolvimento de softwares acoplados a equipamentos de diagnóstico ou mesmo a robôs que auxiliam em cirurgias, desenvolvimento de ferramentas para educação de médicos e público leigo, com soluções de criação de para facilitar o tráfego, acesso e armazenamento de dados médicos, como prontuários eletrônicos, redes digitais e bancos de dados.
Por outro lado, além dos avanços da telemedicina, é importante para o profissional que pretende trabalhar na área da saúde entender o quanto o Brasil mudou seu perfil em termos de saúde. Estamos saindo do padrão de doenças transmissíveis para as degenerativas crônicas.
Segundo a bióloga Mayana Zatz vamos precisar de médicos que saibam entender e cuidar bem do envelhecimento e isso inclui pesquisar agravos evitáveis e estímulo de bons hábitos. "Nunca houve tanto interesse dos jovens pela genética como hoje. Temos décadas de pesquisa pela frente, para estudarmos plantas e organismos".
"Será possível passar décadas inteiras estudando um único assunto. Cada pesquisador poderá optar por um grupo de genes, doenças ou plantas', ao comentar o campo que surgiu após o seqüenciamento do genoma".
O cirurgião cardiovascular Leonardo Esteves Lima, chega a fazer prognóstico de que em dez anos, cerca de 70% das cirurgias, serão feitas com o auxílio da robótica. Suas últimas empreitadas envolvem a bioengenharia, paixão de adolescente, que ele traduziu em meticulosos robôs, desenvolvidos por empresas americanas e testados por ele em cirurgias cardíacas, que se movem apenas pelo reconhecimento de voz.
A Siemens, assim como outras gigantes de tecnologia, vem investindo na gestão da saúde e na produção de equipamentos eletro médicos. Roberto Braga , engenheiro elétrico especializado em biotecnologia diz que uma de suas tarefas é estudar as necessidades da comunidade cientifica local, e também coordena o treinamento de médicos em tecnologia aplicada e faz um alerta: “tenho procurado médicos e biotécnicos para trabalhar na área de tecnologia, e isso é uma tendência mundial, pois uma empresa de tecnologia não vive só de engenheiros”.
Com este alerta de alguém que não é médico, mas sente a carência de todo o sistema de informação ligada a saúde de uma forma geral, esperamos comover as nossas autoridades para criar cursos de graduação, pós graduação e especialização para que tenhamos material humano suficiente e capacitado para preencher todas estas oportunidades que estão aparecendo , bem como a regulamentação das diversas profissões ou especialidades que estão surgindo.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A boca, a odontologia e a medicina

Se você tem dor de dente procura um dentista, se tem dor de garganta procura um médico otorrinolaringologista, se estiver rouco talvez precise de um endoscopista, e assim vai. Observe que para patologias dentro na cavidade bucal, você pode e deve procurar ou um dentista ou um médico.
A cavidade bucal é a entrada do sistema digestório (antigo aparelho digestivo), abrigando uma grande quantidade de órgãos e estruturas, que têm entre outras, preparar os alimentos que ingerimos, para a peregrinação por todo o sistema até atingir os seus destinos, que são diferentes para cada “componente”. Depois de toda complexa distribuição aquilo que não interessa deverá ser descarregado sob forma de fezes, o que é feito pelo anus que é o orifício de saída do sistema, e tratado pelo médico proctologista.
Porque então os dentes que são apenas uma pequena parte deste complexo sistema, porém extremaente importanates, têm para si um especialista que para se formar, faz um vestibular para uma escola que não é a medicina, faz um curso que não se assemelha a medicina, não se forma médico, não entende da medicina, e vem para junto dos médicos para resolver as questões dos dentes que estão incrustados nos ossos dentro da boca dos nossos pacientes?.
O dentista deveria estar inserido no contexto da unidade da saúde, como acontece em vários países do primeiro mundo.
Não seria lógico que este profissional fosse preparado por uma escola médica, pelo menos nos seus 3 primeiros anos de forma comum e depois se encaminhasse para o estudo da odontologia?
Hoje em dia em nosso meio o paciente que tiver, por exemplo, um tumor de partes moles na boca, fica perdido sem saber a quem procurar. O dentista, nem pensar. O otorrinolaringologista quando muito para dar uma olhada. Ele vai acabar caindo com um especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, cujo nome é tão infeliz que ele não mexe com cérebro e ouvidos, que estão na cabeça e com vasos do pescoço, mas mexe com tireóide, língua, face de uma forma geral.
Durante muitos anos acompanhei a batalha dos nossos odontólogos para poderem operar seus casos em hospitais, uma vez que o CFM obriga ou obrigava a presença de um médico no ato cirúrgico. No caso de óbito o dentista não está capacitado a atestar o óbito apesar de o paciente ser dele e a responsabilidade cirúrgica também. Nestas situações cabia ao médico o atestado de óbito que no final era praticamente sua única atuação no caso.
Tive o privilégio de ter um colega de turma que já formado dentista foi estudar medicina. Tornou se um cirurgião completo daquilo que se convencionou chamar cirurgia buco maxilo facial, mas também dava conta do feijão e arroz da odontologia do dia dia.
Foi exatamente com ele que aprendi e não compreendi os limites entre o médico e o dentista.
Na verdade o nosso dentista é o médico da nossa arcada dentária superior e inferior compreendendo ossos, articulações, ligamentos e dentes.
Estou tocando neste assunto porque vejo crescer de forma assustadora a destruição do profissional liberal odontólogo e ser substituído pela odontologia social. Não quero julgar se isto é bom ou ruim apenas tenho a convicção que como aconteceu na medicina teremos profissionais trabalhando mal em bocas mal tratadas.
As autoridades que se pronunciem, mas não aquelas que têm assistência odontológica vitalícia.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Como se tratava o estupro em 1833

Estou fazendo um interregno nos meus delírios, para compartilhar com vocês um maravilhoso documento que apesar de não ser Controvérsia, Duvida e Bobagem, resolvi deixá-lo para apreciação

SENTENÇA JUDICIAL DATADA DE 1833
Província de Sergipe
Ipsis litteris, ipsis verbis! - Trata-se de Lingua Portuguesa Arcaica
PROVÍNCIA DE SERGIPE
O adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Nossa Senhora de Sant'Ana, quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra, que estava de em uma moita de mato, sahiu della de supetão e fez proposta à dita mulher, por quem queria para coisa que não se pode trazer a lume, e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a no chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará. Elle não conseguiu matrimônio porque ella gritou e veio em amparo della Nocreto Correia e Norberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso fazem prova.
CONSIDERO
QUE o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ela e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana;
QUE o cabra Manoel Duda é um suplicante deboxado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer conxambranas com a Quitéria e a Clarinha, moças donzellas;
QUE Manoel Duda é um sujeito perigoso e que se não tiver uma causa que atenue a perigança dele, amanhan está metendo medo até nos homens.
CONDENO
O cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser feita na cadeia desta Villa.
Nomeio carrasco o carcereiro.
Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.
Manoel Fernandes dos Santos Juiz de Direito da Vila de Porto da Folha Sergipe, 15 de outubro de 1833.

Fonte: Instituto Histórico de Alagoas.
Publicado no Suplemento Cultural da Associação Paulista de Medicina, nº 203, Junho de 2009
Coordenação: Guido Arturo Palomba
Cedido pelo Prof. Carlos Alberto Salvatore

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A comida de Deus e o fundo do mar

Para aqueles que leram o post que escrevi sobre a A máquina humana e a comida de Deus, especialmente aos mais céticos, uma nova notícia vem aumentar as minhas convicções que o alimento que o ser humano deverá adotar no futuro está efetivamente mo fundo do mar.

Robô visita ponto mais profundo do mar

Nereus (em amarelo) é içada do mar: visita a águas profundas.

Uma embarcação robô, chamada Nereus obteve sucesso em visitar o ponto mais profundo do oceano Pacífico.
Ela desceu à profundidade de 10,9 mil metros no Abismo Challenger, nas Fossas Marianas, uma depresão no oeste do Pacífico, o ponto em que a crosta terreste é mais baixa em todo o globo.
Conduzido pelo Hole Woods Oceanographic Institution, o projeto que levou Nereus até o fundo do mar visava analisar as características da água, solo, vegetação e vida na profundeza mais remota do oceano. Entre as espécies recolhidas pelo robô está um novo tipo de pepino, pouco conhecido pelos biólogos.
O projeto do instituto oceanográfico foi apoiado pela Universidade do Havaí que incluiu ferramentas tecnológicas na embarcação, como aplicações que permitem a Nereus tomar decisões sozinhas e encontrar os melhores caminhos para cumprir uma missão pré-determinada. No caso da visita às Fossas Marianas, Nereus esteve o tempo todo ligado a uma embarcação na superfície por vários quilômetros de fibra óptica. A conexão permitia controlar remotamente a embarcação submarina e se eventualmente os cabos se rompessem ou a embarcação na superfície afundasse, por exemplo, o robô possui inteligência para perceber o acidente e retornar sozinho à superfície.
De acordo com o instituto oceanográfico, a embarcação será usada em missões científicas em águas profundas em diferentes pontos do mundo, em busca entre outros de alimentos desconhecidos.
Clique aqui e veja o Nereus slideshow