Por outro lado, a imagem do plano de fundo foi feita pela Curiosity Mars Science Laboratory em 08 de setembro de 2012 no 33º dia após o pouso na superfície de Marte observando-se o solo marciano como jamais foi visto. E também não é bobagem...
Image credit: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Os robôs vieram para ajudar

O interior da nave é limpo, branco e lembra um hospital, mas não há médico algum. Apenas dois astronautas rumo à missão de suas vidas: chegar à Marte. Eles estão quase lá, faltando poucos anos luz. Mais eis que um dos astronautas começa a sentir dores inacreditáveis no estômago. Algo que o impedirá de manter o equilíbrio biológico da nave até a chegada. Ele é o único ser humano do mundo que entende desta tecnologia. Sem ele, os dois morrerão. E o homem não pisará em Marte.
Desesperado e algo desajeitado, abre uma caixa azul brilhante. Dentro, uma luva que se encaixa perfeitamente. Parece até que é, de fato, sua própria mão. Pelo sistema de computador entra em contato com um cirurgião na Terra. O médico também veste uma luva gêmea à sua. Ele se contorce em dor, mas se ajeita em uma pequena mesa improvisada. Ali, o colega começa a operá-lo, trata- se da uma apendicite aguda. Na realidade é a mão do cirurgião a milhões de quilômetros que realiza os movimentos precisos. Uma hora depois ele já se sente bem melhor. A missão está salva.
Não, não é verdade. O homem não está a um passo de pisar em Marte. Mas, sim, é verdade, a tal luva existe. A NASA desenvolveu uma ferramenta chamada Dataglove para esse tipo de situação. Uma luva pode ser conectada à outra, mesmo muito distante. O médico, inclusive, consegue sentir o paciente. E essa iniciativa não é a única desenvolvida pelos Estados Unidos. O exército norte-americano também trabalha para criar alternativas semelhantes de tratamento para os soldados feridos.
Toda esta linha de pesquisa reflete também na sociedade. Hoje, já se fala em telemedicina, telecirurgia e outras teles. Os procedimentos médicos começam a ser realizados com o auxílio de modernas máquinas e programas, que proporcionam a classe médica mais agilidade e precisão.
No Brasil, o uso do robô na medicina ainda não é comum. Os estudos na área, no entanto, levam a crer que, em dez anos, cerca de 70% das cirurgias serão realizadas com ajuda de robôs. As vantagens de tanta modernidade além da precisão de incisões, o paciente sofre menos traumas e os riscos de infecções são muito menores. Entretanto os investimentos são muito altos, pois um robô custa em torno de US$ 200 mil, porém com retorno é garantido.
Nos Estados Unidos, pesquisas comprovam que institutos economizaram com a robótica. Isso porque a estrutura montada para uma operação é menor e o tempo de internação do paciente, muito mais curto.
Uma questão ainda por discutir em nosso meio são os aspectos legais e éticos destas novas ferramentas.
Com as novas tecnologias na Medicina, resta uma dúvida ao paciente: o quanto a relação entre médico e paciente pode ser prejudicada. As tecnologias desenvolvidas são ferramentas que agilizam e facilitam os procedimentos, mas não o substituem.
Acreditamos que o contato com o paciente é essencial e nunca poderá ser substituído por qualquer e grande parte dos diagnósticos clínicos podem ser feitos com uma boa conversa e essa idéia de que a máquina pode tudo não me parece verdadeira, pois a parte mais importante em todos os equipamentos é a cabeça e a capacidade de interpretação e raciocínio do próprio médico. Uma técnica inovadora, praticada na Europa desde 1998, começa a ser usada em Brasília: a robótica, sob a responsabilidade da equipe do cirurgião cardiovascular Leonardo Esteves.
Cirurgias no coração são feitas com o auxílio de um robô, que faz as incisões mínimas e precisas no paciente, e pode realizar a cirurgia comandada pela voz do médico. Com o uso desta técnica o paciente poderá receber alta do hospital dois dias após a operação.
Em São Paulo as duas primeiras cirurgias de fígado e pâncreas na América Latina utilizando um robô mecânico controlado remotamente foram realizadas por médicos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.As duas operações utilizaram basicamente as mesmas técnicas da laparoscopia por vídeo, cirurgia minimamente invasiva na qual os médicos fazem uma pequena incisão no umbigo do paciente e introduzem um laparoscópio, instrumento de fibra óptica que permite realizar procedimentos diagnósticos e terapêuticos.
A primeira tratava se uma ressecção hepática para o tratamento de um tumor e fizemos uma ressecção de fígado central, em que retiramos o miolo do fígado, uma cirurgia complexa por haver duas linhas de corte, uma do lado esquerdo e outra do lado direito do órgão. Nesse caso, o robô esculpiu a região central do fígado, além de ser decisivo para o controle do sangramento do fígado do paciente. “Na segunda cirurgia também tratamos um câncer que comprometia quase todo o pâncreas do paciente. Fizemos então uma pancreatectomia subtotal e o robô nos ajudou a identificar e enxergar melhor os vasos, artérias e veias próximas ao órgão, permitindo a retirada de cerca de 80% do pâncreas sem prejudicar outras estruturas.
Além de ser extremamente preciso e permitir visualizações tridimensionais, o robô elimina tremores e permite que o movimento seja escalonado. O cirurgião pode realizar movimentos mais amplos e rápidos no robô e que se tornam mais lentos quando as pinças entram em contato com o órgão do paciente, diminuindo as chances de erros.
Diferentemente das cirurgias normais em que o médico atua em pé, com a utilização do robô o profissional fica sentado para movimentar, por meio de três braços mecânicos, as pequenas pinças que se movimentam para todos os lados em ângulos de 360 graus, fazendo com que órgão operado possa ser visto em três dimensões pelos médicos.Para isso, as câmeras de vídeo do robô são controladas por um pedal, permitindo, por exemplo, uma visualização mais detalhada do órgão para a retirada dos tecidos comprometidos no paciente e para a realização de outros procedimentos, como os pontos que devem ser dados no local operado. Controlando o robô de modo remoto, o cirurgião fica a uma distância de pouco mais de um metro do paciente.Os dois procedimentos foram feitos no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e coordenados por Marcel Autran Cesar Machado, professor livre-docente de cirurgia da FMUSP.
O Brasil conta atualmente, segundo Autran, com quatro dispositivos robóticos cirúrgicos importados, dois no hospital Sírio Libanês, um no Oswaldo Cruz e outro no Albert Einstein, todos na capital paulista.
Um dos equipamentos do Sírio Libanês é utilizado para o treinamento e a certificação de cirurgiões. O Hospital das Clínicas da USP, por sua vez, está tentando, junto ao Ministério da Saúde, comprar um robô semelhante.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Imagem da semana

De olho na Amazônia

Lake Erepecu and Rio Trombetas in Brazil are featured in this sun glint image photographed by an Expedition 20 crew member on the International Space Station. Credit: NASA

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Gordura que atua direto no cérebro

Estudo realizado por pesquisadores do SouthWestern Medical Center, da Universidade do Texas mostrou que certos tipo de gordura atuam diretamente no cérebro, impedindo que a sensação de saciedade seja sentida. Ou seja: alguns alimentos não só engordam como também fazem com que se coma mais do que o necessário.
O mecanismo, segundo as análises da Dra. Deborah Clegg e sua equipe, seria que a gordura de certos alimentos faz com que o cérebro envie uma mensagem para que as células ignorem os sinais de saciedade.
Em condições normais, o ser humano é programado para dizer quando estamos satisfeitos, e os hormônios leptina e insulina seriam responsáveis por dar este aviso - mas isso nem sempre acontece quando estamos comendo uma coisa de que gostamos.
O fato de que dietas altamente ricas em gordura causam resistência a esses hormônios é um fato antigo e já conhecido da medicina, porém pouco se sabia a respeito do mecanismo que disparava este mecanismo, ou quais tipos de gordura podem causá-la.
A equipe da Dra Clegg suspeitou que o cérebro estivesse envolvido no processo, pois é um órgão capaz de absorver tanto gorduras saturadas como insaturadas. Para comprovar a tese, os pesquisadores expuseram roedores a variados tipos de gordura de diferentes maneiras: injetando diretamente no cérebro, ou na artéria carótida ou alimentando os animais por um sonda gástrica três vezes ao dia.
Os resultados mostraram que a química do cérebro pode mudar em um período de tempo muito curto, fazendo o organismo ignorar o aviso de supressão do apetite. O estudo sugere que, quando se come algo altamente gorduroso, o cérebro é atingido com os ácidos graxos e a pessoa se torna resistente à insulina e à leptina. Como o cérebro não manda parar de comer, continuamos a se alimentar.
Nos animais, o efeito durou cerca de três dias e foi catalisado principalmente pelo ácido palmítico, que é um ácido graxo que se mostrou bastante eficiente em enganar nosso mecanismo de controle de peso, especialmente porque está presente na carne vermelha, leite e derivados.
Um fato relevante do estudo publicado no The Journal of Clinical Investigation é a constatação de que o mecanismo é disparado no cérebro, muito antes que qualquer sinal de obesidade seja observado anatomicamente. A próxima tentativa do grupo de pesquisa é tentar determinar quanto tempo é necessário para reverter os efeitos da exposição do cérebro à gordura.
De uma forma muito simplista poderíamos dizer que hamburguer, sorvete, pizza e outros alimentos gordurosos não vão direto para a barriga ou, pelo menos, não têm um efeito negativo só na aparência.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Como bebe o brasileiro

O álcool é a droga mais consumida no mundo. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde revelam que aproximadamente 2 bilhões de pessoas consomem bebidas alcoólicas (Global StatuS Report on Alcohol 2004). Seu uso indevido é um dos principais fatores envolvidos na diminuição da saúde mundial, sendo responsável por 3,2% de todas as mortes e por 4% de todos os anos perdidos de vida útil. Quando esses índices são analisados em relação à América Latina, o álcool assume importância ainda maior. Cerca de 16% dos anos de vida útil perdidos neste continente estão relacionados ao uso indevido dessa substância, índice quatro vezes maior do que a média mundial.
A formulação de políticas e de ações integradas e baseadas em evidências requer a realização de estudos epidemiológicos que avaliem e mapeiem o problema. Esse tipo de procedimento é rotineiro em países desenvolvidos, onde órgãos como o National lnstitute on Drug Abuse (NIDA), dos Estados Unidos, e o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA), também americano, realizam levantamentos periódicos com representatividade nacional.
No âmbito nacional, iniciativas anteriores, como o Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, uma parceria entre o Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) e a Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, contribuíram de maneira significativa para o dimensionamento da problemática do uso de substâncias em nosso país. No entanto, faltava um retrato mais específico e preciso da população geral em relação aos padrões de consumo de álcool.
O I Levantamento Nacional sobre Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira (2006), uma parceria entre a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e a Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad), do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi idealizado para cumprir esse papel. O estudo permitiu desenvolver parâmetros objetivos para quantificar o padrão de consumo do álcool, os problemas relacionados a esse consumo, tais como a violência, a doença mental e outros problemas sociais, e o impacto entre jovens e demais faixas etárias da população brasileira, levando em consideração as diferenças regionais.
O compromisso com a representatividade no âmbito nacional é fundamental para a geração de dados fidedignos. Os cuidados com a amostragem são extremamente importantes para atingir esses objetivos. Para tanto, adotou-se metodologia similar aos estudos realizados nos Estados Unidos, na Europa e aos estudos mais rigorosos feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a metodologia probabilística estratifica, considerada "padrão ouro" em pesquisas desse tipo.
Os resultados obtidos permitiram desmistificar vários aspectos relacionados ao uso desse tipo de substâncias no país. A precisa definição do número de abstinentes na população brasileira é exemplo disso. Por anos, divulgou-se que 10 a 20% dos brasileiros não bebiam. Entretanto, esse estudo mostra que uma proporção muito maior, 48%, mantém-se abstinente. Por outro lado, 25% da população bebe de forma a comprometer a saúde. Portanto, o estudo retrata uma realidade mais complexa do que supúnhamos. Vivemos num país no qual, por um lado, observam-se altas taxas de abstinência e, ao mesmo tempo, altas taxas de uso nocivo.
Com relação aos adolescentes, esse mesmo estudo mostrou tendências inesperadas. O uso precoce e abusivo do álcool pelos jovens era uma realidade previsível. Entretanto, observou-se que o consumo das meninas está se aproximando do uso dos meninos, embora eles ainda tenham um consumo mais pesado do que elas. Além disso, cerca de dois terços dos indivíduos dessa faixa etária são abstinentes. Por outro lado, metade dos que bebem consumiram 3 doses ou mais por situação habitual e quase um terço dos meninos que bebem consumiram 5 doses ou mais, ante 11 % das meninas. A quantidade de álcool consumida pelo adolescente em cada episódio é tão' importante quanto a freqüência com que bebem. Isso se deve à maior suscetibilidade apresentada por seus cérebros, ainda em processo de formação. Portanto, especial atenção deve ser dada a esse tipo de informação em pesquisas dessa natureza.
Esse é um retrato do consumo de álcool no Brasil. A necessidade, tanto de maiores controles sociais para estabelecer regras de comercialização e utilização do álcool, como de ações públicas no sentido de regular esse mercado é evidente. Felizmente,a pesquisa demonstrou que a sociedade brasileira está pronta para essas medidas e apóia as principais ações regulatórias já adotadas em outros países.
O caráter inédito desses dados, particularmente no que se refere à sofisticada metodologia de amostragem, se por um lado inviabiliza a comparação com levantamentos anteriores, por outro lado permitirá o monitoramento dessas informações no futuro com relação às políticas públicas aplicadas no período.

Este estudo foi conduzido por Sandro Sendin Mitsuhiro e Ronaldo Laranjeira, respectivamente Vice-coordenador de Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas e Chefe da Disciplina de Psiquiatria Clínica do Departamento de Psiquiatria da Unifesp.
Parte deste artigo foi publicado em "SOCESP em destaque".

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Marte em 3D

Composição de fotos tiradas pelo Spirit gerou imagem em 3D da superfície marciana
NASA/JPL-Caltech/Cornell University

A NASA divulgou na quinta feira, 29 de agosto, imagem tridimensional da superfície de Marte, que foi capturada pelo veículo de exploração Spirit, utilizando uma câmera panorâmica, a Pancam, que utiliza a composição e sobreposição de fotos, tendo registrado os arredores da região de “Troy”. O efeito 3D pode ser visto com a ajuda de óculos especiais, mantendo-se a lente vermelha na esquerda.
A equipe que analisou as imagens batizou a cena de Panorama Calypso. Centenas de fotos foram combinadas para formar a paisagem, tendo sido obtidas entre os dias 14 de maio de 20 de junho de 2009, respectivamente os dias marcianos 1906 e 1942 da permanência do Spirit no planeta.
Na cena, o norte está ao centro. À direita fica um monte de cume brilhante chamado "Von Braun," possível local de exploração do Spirit no futuro. A elevação à esquerda é chamada "Tsiolkovsky". Próximo ao centro, ao longe, está o Husband Hill (Morro do Marido) e, à frente, estão visíveis as marcas da roda do veículo. Para se ter uma idéia de tamanho, as marcas paralelas deixadas no chão pelo Spirit estão separada por cerca de um metro.
O solo brilhante no centro, em primeiro plano, é o material macio no qual o veículo ficou preso, após sua roda perfurar a camada escura superficial que o cobria. A composição do solo está sendo investigada pelos braços robóticos do Spirit. As descobertas feitas até agora no Planeta Vermelho são de grande interesse, tanto que a exploração da região próxima à cratera de Gusev já dura 67 meses quando, originariamente deveria ter sido feita em apenas três.
Para ver a imagem com maior resolução, clique aqui