Por outro lado, a imagem do plano de fundo foi feita pela Curiosity Mars Science Laboratory em 08 de setembro de 2012 no 33º dia após o pouso na superfície de Marte observando-se o solo marciano como jamais foi visto. E também não é bobagem...
Image credit: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Telefone celular e câncer - Parte I



Pela primeira vez, um estudo sério é publicado fazendo um alerta sobre possível mal causado pela telefonia móvel.
A radiação emitida por telefones celulares pode ser um fator causador de câncer, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que até esta terça-feira dizia que os aparelhos não apresentavam riscos à saúde. A mudança de opinião aconteceu porque a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer, vinculada à OMS, diz ter encontrado um vínculo entre a radiação emitida pelos telefones celulares e um risco maior de um tipo de tumor cerebral chamado glioma.
O anúncio pulicado em 31 de maio de 2011 no Press Release nº 208 não é resultado de novas pesquisas, mas sim de uma nova interpretação de estudos já existentes, feita por um painel de 31 cientistas de 14 países, trabalhando em conjunto durante uma semana.
A radiação emitida pelos telefones celulares cai na terceira categoria de uma escala de cinco categorias de risco (do maior risco para o menor), chamada de potencialmente cancerígena, onde por exemplo a radiação ionizante, solar e ultravioleta classificada como cancerígena pertence a primeira categoria.
Para deixar claro, o que a OMS quis dizer não significa que os telefones celulares causam câncer, mas que existem indícios de uma conexão entre ambos, e que mais estudos são necessários para uma conclusão definitiva. Mas a mudança de postura da OMS, é o equivalente científico de um "por via das dúvidas, vamos olhar isto com mais atenção".
Evidentemente a indústria de telefonia móvel rapidamente respondeu dizendo que a classificação não significa que os celulares causam câncer, o que tecnicamente é verdade. As agências do governo norte-americano equivalentes às nossas Anatel (telecomunicações) e Anvisa (vigilância sanitária) também mantém a posição de que não há evidências ligando a ocorrência de câncer ao uso de telefones celulares.
Continua...

Um comentário:

Renato Sabbatini disse...

Leonardo, você leu o estudo epidemiológico, o Interphone, que foi parcialmente financiado pela IARC e que deu origem a esse posicionamento? Uma razão de chances de 1.4 para gliomas de todos os tipos, um câncer raro do cérebro. Os próprios autores acham que não dá para interpretar como uma evidência forte, tantos são os vieses, fontes de erro, problemas metodológicos, etc., presentes no estudo. Além disso não existe plausibilidade biofísica, por diversos motivos: 1) a radiação é não ionizante, não tem energia suficiente para quebrar DNA 2) o SAR de um telefone celular é muito baixo, atualmente de 0.2 a 0.6 watts por kg. 3) os potenciais danos (de natureza térmica) não são cumulativos; 4) apesar de ser usado há 30 anos, a incidência de câncer cerebral em geral está diminuindo, assim como a mortalidade. Com 1.4, esperaria-se um aumento razoável. 5) ao contrário do que você escreveu, a posição da IARC não é uma mudança de ponto de vista da OMS, uma vez que a classificação de risco tem objetivo apenas para fins de saúde pública, um alerta e uma precaução. A própria IARC já declarou que não avalia quantitativamente o risco (são apenas 5 niveis de classificação), e que a categoria 2B é muito incerta (por exemplo, inclui o café, picles e talco para bebês, mas só se passado no períneo.... Sério. 6) para todos os outros tipos de câncer investigado pelo Interphone, as razões de chances são abaixo de 1 (denotando efeito protetivo, o que seria absurdo, portanto mostrando a forte influência de diversos vieses). Se quiser ver uma revisão bibliográfica verdadeiramente completa, leia o resultado do grupo de cientistas que eu coordenei, em http://www.wireless-health.org.br
Um abraço
Sabbatini