A desospitalização talvez seja um termo que ainda não vamos encontrar nos dicionários. Porém como palavra já está sendo usada e entendida por todos aqueles que querem ver o paciente fora do hospital, no sentido mais amplo, inclusive tratando-se em sua casa ou na pior das hipóteses num “Hospital dia”.
A maioria, se não a totalidade dos sistemas de gestão Hospitalar, tem seu inicio na admissão do paciente e seu fim na alta hospitalar e administrativa, até que aconteça uma nova internação que começa também pela admissão e termina na alta.
Não existe nenhum sistema de gestão no nosso meio que tenha condição de acompanhar o paciente entre a alta e a próxima admissão, que é exatamente o que está se convencionando chamar de período de desospitalização, que evidentemente quanto maior, melhor.
Todas as empresas que trabalham com a gestão do paciente parecem ignorar ou não querer saber o que acontece entre uma e outra internação.
Por outro lado é exatamente este período que muitas empresas prestadoras de serviços médicos estão interessadas em controlar ou monitorar.
Uma operadora de saúde por exemplo tem absoluta necessidade de saber o que acontece com seus pacientes neste período exatamente para poder interferir no sentido de aplicar os bons princípios da medicina preventiva a fim de além de proporcionar uma melhor qualidade de vida aos seus pacientes e também diminuir seus custos.
Este período também chamado de desospitalização deveria ser uma continuidade do sistema de gestão como se fosse uma nova fase do PEP que iria anotar a evolução do paciente em sua casa.
Boas empresas em nosso meio já mostraram preocupação com estes aspectos, e uma delas em particular já desenvolveu um pequeno trabalho de cuidados no pós alta controlado pelo seu próprio HIS e até mesmo usando dispositivos móveis. Eu pessoalmente tive o privilégio de participar e aprender com este projeto que chegou a atingir seus objetivos.
A medicina preventiva, o acompanhamento do paciente fora do hospital é uma necessidade que será praticamente obrigatória num bom sistema de gestão do paciente em prazo muito curto, com a participação ativa da enfermagem, fisioterapeutas, nutrólogos, farmacêuticos e assistentes sociais, talvez até mais que os próprios médicos.
As empresas que estão preocupadas com o custo do tratamento, sejam seguradoras ou operadoras de saúde vão exigir esta funcionalidade que já vai chegar tarde
A prova definitiva deste fato esta no fato que o Ministério da Saúde começa a se preocupar com o assunto.
Fora do Brasil, muito embora especialistas reconheçam que vários tipos de tecnologias de informação possam encontrar uso amplo na monitoração e assistência a pacientes em suas residências, em casas de repouso ou em asilos, esse uso ainda é muito pequeno, segundo estudo recente da Agency for Healthcare Research and Quality nos EUA.
O Institute of Medicine (IOM) também publicou recentemente um relatório sobre a diversidade e maturidade das TICs nos cuidados de saúde de longo prazo, tipicos deste ambiente.
A University of Missouri pretende montar uma infraestrutura nacional para atender a necessidade de monitorar pacientes fora do Hospital com objetivo de reduzir o número de internações, segundo o professor Greg Alexander, professor da MU Sinclair School of Nursing que é um dos fundadores do IT Sophistication in Nursing Homes.
Neste espaço você vai encontrar questões que de alguma forma originaram o próprio nome do Blog e estaremos abordando as questões da Saúde e da Tecnologia da Informação, ou a mistura das duas, enunciadas como textos e imagens. Esta imagem panorâmica foi capturada pela sonda Phoenix Mars Lander em 10 de Junho de 2008 no 16º dia após o pouso na superfície de Marte e em primeiro plano vemos seus painéis solares e o braço robótico. Credit:NASA/JPL/University of Arizona,Tucson. E não é bobagem...
Por outro lado, a imagem do plano de fundo foi feita pela Curiosity Mars Science Laboratory em 08 de setembro de 2012 no 33º dia após o pouso na superfície de Marte observando-se o solo marciano como jamais foi visto. E também não é bobagem...
Image credit: NASA/JPL-Caltech/MSSS.
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4 comentários:
Leonardo, excelente post sobre uma palavra que é "esquecida" do nosso sistema (dito de) saúde. O alcance da desospitalização é imenso podendo provocar uma grande redução no custo do tratamento das doenças crônicas, recuperações mais rápidas além de imensa diminuição do custo. Porém o nosso sistema é baseado no binômio ambulatório-internação ou seja, nada diferente disto é previsto ou mesmo pago. Iniciativas de prevenção ou de rehabilitação dificilmente são reconhecidas ou mesmo aceitas pelos demais membros do sistema de saúde. Infelizmente todos trabalham pela doença e não pela prevenção ou recuperação da saúde.Abraços, (http://foradoponto.blogspot.com)
Prezado Leonardo, muito oportuno este post. Parece que atualmente alguns grandes hospitais de SP (que vivem cheios) estão se mobilizando em favor da tal desospitalização, pois estão percebendo que "girar" o leito é muito melhor, para novas internações e cirurgias. Alguns até estão criando grupos específicos para tratar do tema de maneira objetiva, que é, no meu entender, a estratégia correta. É necessário envolver as operadoras de saúde, que podem ter seu custo muito reduzido, e mostrar aos nossos médicos que é muito melhor para todos a alta mais precoce. Isto tudo se forem oferecidas ao paciente e família alternativas confiáveis no pós alta, como serviços de home care confiáveis e clínicas de retaguarda hospitalar bem equipadas para os pacientes mais complexos. Com isto, o esforço da desospitalização vale muito a pena, evitando-se na maior parte das vezes o grande problema (para todos os envolvidos) da reinternação.
Os dois comentários são pertinentes e até certo ponto semelhantes.
Entretando estou começando a ver um movimento por parte das operadoras no sentido de dar atenção aos pacientes fora de seus hospitais.
Evidentemente o objetivo é a diminuição dos custos e não o bem estar dos pacientes. De qualquer forma, acaba valendo...
Fta.Cristiane Jordan
trabalho em um hospital infantil em salvador/Ba e junto com uma equipe multidisciplinar queremos montar um projeto de desospitalização. Gostariamos de mais orientações e relatos de esperiências de outros profissionais.Agredito que esta é uma forma eficaz de cuidar.
Agradeçida
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