Projetos de PEP/RES em larga escala prometem muito, mas “entregam” pouco, de acordo com novo estudo da University College of London, após avaliarem várias publicações sobre o tema em todo o mundo. Eles descobriram que 50 a 80% dos projetos de RES falham, e quanto maior o projeto, maior a probabilidade de falhar a implementação. Quatro grandes observações foram concluídas pelo estudo:
1) RES podem prejudicar o trabalho clinico, embora sejam bons para a auditoria e o faturamento;
2) Registros em papel podem ser mais eficientes e flexíveis que computadores;
3) RES menores e localizados funcionam melhor;
4) Integração entre RES grandes jamais acontecerá de forma automática.
Os autores sugerem novas abordagens à implementação de RES que contemplem a variabilidade e flexibilidade exigidas pelo mundo real.
Em artigo intitulado "Porque ferramentas baratas e fáceis de usar em saúde conectada deveriam preceder os RES", o médico e fundador do Center for Connected Health, Joseph C. Kvedar, argumenta que começar a informatização da saúde pelos RES é admirável, mas terrivelmente ineficiente.
Além de ser muito caro e de difícil implementação, não vai atingir a maioria dos médicos que têm consultórios pequenos, e não existem evidências suficientes de que a sua ampla adoção melhore a qualidade da atenção médica ou diminua os custos. Então, é preciso procurar novas ferramentas via Internet e especialmente telefone ou smartfones, que aumentem a qualidade da atenção, e essas são ferramentas simples, que permitem, por exemplo, monitoração freqüente de níveis de pressão arterial e glicemia em pacientes hipertensos e diabéticos.
Muitos outros softwares simples conectados darão aos médicos uma alternativa mais simples, barata e fácil de usar do que os complexos registros médicos eletrônicos. Futuramente, esses dados enviados pelos pacientes deverão ser integrados ao RES.
Um outro levantamento publicado em março de 2009 na revista New England Journal of Medicine mostrou que apenas 1,5% dos hospitais americanos possuíam um sistema abrangente de Registro Eletrônico de Saúde (RES), ou seja, presente em todas as unidades clínicas, e que 7.6% adicionais possuíam um sistema mais simples (pelo menos em uma unidade).
Apenas 17% dos hospitais tinham prescrições eletrônicas, incluindo pedidos de exames, etc. As principais barreiras citadas foram altos custos de implementação e manutenção (76% e 44% das respostas, respectivamente), resistência dos médicos (36%), incertezas no ROI (32%) e falta de pessoal treinado em TI (30%) . Os autores sugerem estratégias baseadas em interoperabilidade, financiamento e treinamento da equipe de suporte, para aumentar o baixo uso de RES em hospitais americanos.
Pesquisa feita pela Deloitte junto aos consumidores na área de saúde dos EUA indica que apenas 9% possuem um registro eletrônico pessoal, mas 42% estão interessados em ter um e conectar-se on-line com seus médicos. 57% estão interessados em agendamento e prescrições on-line. Além disso, o levantamento determinou que 60% dos consumidores apóiam o estabelecimento de padrões de intercâmbio e armazenamento das informações médicas pelo governo, 42% favorecem o aumento de financiamento ao programa de incentivo de adoção de RES pelos médicos, hospitais e planos de saúde.
Por outro lado 63% estão interessados em equipamentos de monitoração doméstica de saúde.sendo que este interesse é particularmente alto entre idosos (78%) e portadores de doenças crônicas (75%).
Tudo isto não significa que o médico está alheio a necessidade de estar conectado, pois a necessidade de estar informado e com as informações mais recentes de seus pacientes é a prioridade, usando ferramentas simples, rápidas, baixo custo e sem necessidade de horas de treinamento.
Vejam estes tres exemplos.
Estudo feito em 2008 com 1832 médicos americanos mostrou que 60% deles participam de comunidades médicas virtuais, como a conhecida MedScape, do grupo WebMD, que tem 100.000 assinantes. Clínicos gerais jovens, de sexo feminino, que usam um PDA ou smartphone são os que mais participam, e geralmente entram on-line nos intervalos entre consultas. Seguramente estes dados em 2009 já devem ser totalmente diferentes, com inclusão das novas mídias sociais.
Segundo Health Care IT News dois terços dos médicos americanos possuem um smartphone, e a maioria os utiliza durante o atendimento médico, de 15 a 20 vezes por dia. A previsão do instituto de pesquisa de mercado é que a taxa de adoção subirá para 81% até 2012, quando se espera que todos os médicos utilizarão smartphones ao lado do estetoscópio.
O telefone celular pode ser uma arma importante para acelerar o diagnóstico de doenças graves. É o que mostra um estudo divulgado no final deo ano de 2009 pela Radiological Society of North America (RSNA) durante o seu congresso anual. Segundo a publicação, os profissionais da área puderam diagnosticar casos graves de apendicite aguda, mesmo estando a centenas de quilômetros de um hospital, com o uso de um handheld ou smartphone equipado com o software OsiriX Mobile.
A University of Virginia, , realizou exames de tomografia computadorizada, em 25 pacientes com dores abdominais, cujos dados criptografados foram submetidos a cinco especialistas que usaram IPhones 3GS com o software de visualização instalado e 99% dos casos foram identificados corretamente, num universo de 75 interpretações.
Se um radiologista não está disponível para interpretar a tomografia, o diagnóstico é postergado, o que aumenta os riscos para o paciente. Nesse ponto, o envio para o celular do médico acelera o processo, pois ele recebe o arquivo com qualidade pelo telefone.
Uma decisão crítica que poderia ajudar em todas estas questões é
a adoção de padrões para a comunicação, proteção e recuperação de dados, representação de conceitos, terminologias e armazenamento, sendo que este foi um fator essencial para o sucesso das iniciativas de Telemedicina e Telessaúde.
Portanto, se contarmos com padrões tecnológicos, operacionais e clínicos adequados, poderemos garantir que sistemas de diferentes fabricantes, construídos por diferentes grupos do País, consigam trocar informação de maneira efetiva, garantindo operação integrada e, ainda, a privacidade e o sigilo dos dados.
Nesse sentido, foram criados fóruns nacionais e internacionais como a ABNT/Comissão de Estudos Especiais de Informática em Saúde e a ISO TC 215.
A interoperabilidade é decisiva no desenvolvimento de sistemas eficientes e competentes na área da saúde, ressaltando igualmente a capacidade dos componentes desses sistemas serem substituíveis. Não se discute que um software deva ser interoperável e seguro, bem como deva proteger a privacidade do paciente.
Entretanto estas qualidades não são suficientes para produzir um sistema de boa qualidade. Fluidez dos dados, adoção de padrões abertos e plataformas que suportem diversas aplicações são características essenciais para a correta aplicação dos recursos financeiros aplicados em tecnologia da informação em saúde.
Neste espaço você vai encontrar questões que de alguma forma originaram o próprio nome do Blog e estaremos abordando as questões da Saúde e da Tecnologia da Informação, ou a mistura das duas, enunciadas como textos e imagens. Esta imagem panorâmica foi capturada pela sonda Phoenix Mars Lander em 10 de Junho de 2008 no 16º dia após o pouso na superfície de Marte e em primeiro plano vemos seus painéis solares e o braço robótico. Credit:NASA/JPL/University of Arizona,Tucson. E não é bobagem...
Por outro lado, a imagem do plano de fundo foi feita pela Curiosity Mars Science Laboratory em 08 de setembro de 2012 no 33º dia após o pouso na superfície de Marte observando-se o solo marciano como jamais foi visto. E também não é bobagem...
Image credit: NASA/JPL-Caltech/MSSS.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário