Neste 12 de maio estará sendo comemorado mais uma vez o Dia Internacional da Enfermagem, exatamente no dia em que nasceu em Firenze na Itália, no ano de 1820 Florence Nightingale,que é considerada a fundadora da enfermagem moderna.
Aos 24 anos, em dezembro de 1844, em resposta à morte de um mendigo numa enfermaria em Londres, que acabou em um escândalo público, ela se tornou a principal defensora de melhorias no tratamento médico na Inglaterra.
Imediatamente, obteve o apoio de Charles Villiers, presidente do Poor Law Board (Comitê de Lei para os Pobres), o que a levou a ter papel ativo na reforma das Leis dos Pobres, estendendo o papel do Estado para muito além do fornecimento de tratamento médico.
Florence Nightingale ficou particularmente preocupada com as condições de tratamento médico dos mais pobres e indigentes, rebelou-se contra o papel convencional para as mulheres de seu status, que seria tornar-se esposa submissa, e decidiu dedicar-se à caridade, encontrado seu caminho na enfermagem. Em 1845 anunciou sua decisão para a família, provocando raiva e rompimento, principalmente com sua mãe.
Até então este papel era exercido por mulheres chamadas de “ajudantes” em hospitais ou acompanhando exércitos, muitas delas cozinheiras e prostitutas, sendo que estas últimas eram desta forma castigadas.
A contribuição mais famosa de Florence foi durante a Guerra da Crimeia,(1853-1856) que se tornou seu principal foco quando relatos de guerra começaram a chegar à Inglaterra contando sobre as condições horríveis para os feridos. Em outubro de 1854, Florence ja tinha uma equipe de 38 enfermeiras voluntárias treinadas por ela, inclusive sua tia Mai Smith.
Florence Ficou conhecida na história pelo apelido de "A dama da lâmpada", pelo fato de servir-se deste instrumento para ajudar na iluminação. Ao auxiliar os feridos durante a noite, levava na mão uma lamparina para clarear seus caminhos, e muitos enfermos ao ver sua luz sentiam mais aliviados com sua chegada.
Exatamente por isto a lamparina foi adotada como símbolo Internacional da enfermagem, que se mantém até hoje.
O Hospital Samaritano de São Paulo foi o berço da enfermagem profissional em São Paulo.
Em 1894 foram contratadas cinco enfermeiras inglesas que aqui chegaram no decorrer do ano, inclusive a inglesa Maggie K. Grosart, para atuar como enfermeira-chefe a partir de 1895, por iniciativa do diretor médico do hospital Dr Willian London Strain.
Maggie K. Grosart tinha como algumas de suas responsabilidades o controle e treinamento de enfermeiras e a criação de uma escola de enfermagem que teve seu inicio em 1900 ou 1901, apresentando absolutamente as mesmas características do Sistema Nightingale de ensino. Foi oferecida moradia às estudantes, para que todo o período do curso estivessem em ambiente confortável, agradável e próximo ao local de estudo e trabalho. Exatamente por isto foi construído dentro da área ocupada pelo Hospital o Lar das Enfermeiras e posteriormente o Clube das Enfermeiras.
Existe a referência de 1904 como o ano de formatura da primeira turma de cinco enfermeiras, todas contratadas pelo Hospital Samaritano.
A lamparina, símbolo da enfermagem, durante quase cem anos fez parte do logotipo do Hospital, pois juntamente com a Escola eram uma única instituição.
Não se sabe exatamente quando esta marca ou logotipo foi instituído, entretanto na década de 10 esta primeira imagem já aparece em fotografias.
Durante todo este tempo pequenas alterações foram feitas no logotipo para adéquá-lo aos “novos tempos”, pois entendiam os especialistas que a marca de uma Instituição de saúde precisa ser atualizada ou modernizada e segundo outros ter também um aspecto comercial.
Instituições de renome têm suas marcas guardadas com carinho e fazendo questão de preservá-las e mantê-las. Aí estão duas fortes marcas, que jamais foram mexidas durante toda sua existência, não sendo sequer “modernizadas” e têm valor inquestionável.
Por outro lado alguns Hospitais “modernizaram” suas marcas, mantendo de forma inequívoca a sua imagem inicial.
Beneficência Portuguesa de São Paulo
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
O Hospital Sírio Libanês produziu recentemente modificações consideráveis no seu logotipo que não sei por que foram feitas e o que significam.
O Hospital Samaritano, na sua seqüência de modificações começou se adequando aos tempos modernos, mantendo a marca e a simbologia, para terminar de uma forma difícil de compreender, no contexto da sua história.
Durante o ano de 2002 um grupo de estudos foi formado pela diretoria do hospital, liderado por uma empresa especializada para avaliar a marca da Instituição. A conclusão foi que o logotipo do Hospital Samaritano era forte, transmitia credibilidade, não era feio, tinha dentro de si a própria historia do hospital, e sem duvida era uma marca antiga, que no caso seria mais um fator favorável para preservá-lo.
Sugeriram então uma discreta modificação, especificamente na chama da lamparina que foi considerada um elemento muito forte e estava com pouca evidência. A ocasião foi aproveitada também para reafirmar que a cruz em cima da lamparina tinha ligação com o símbolo da medicina e não com a do Cristianismo, como alguns queriam crer, o que estaria trazendo problemas, uma vez que o Hospital passou a se sentir adotado pela colônia Judaica.
Mas nada disso foi suficiente para preservar a marca quase centenária, pois em 2007 a Instituição lança o projeto de nova identidade visual em que substituiu a lamparina como logotipo, descrevendo a “preservação e à continuidade da história da instituição” e baseado no “brilho e calor de uma nova chama”.
Este é o atual logotipo do Hospital, que nada lembra à velha lamparina das Enfermeiras, lembrando o “S” de uma conhecida marca de produtos alimentícios, com a cor de uma empresa de economia mista do estado de São Paulo, que no seu conjunto se assemelha com o formato da logomarca de um conhecido grupo internacional.
A Escola de enfermagem do Hospital Samaritano não existe mais, desapareceu exatamente no momento que muitos Hospitais do Brasil buscavam criar suas escolas para formar suas próprias enfermeiras.
O Hospital Samaritano acabou não só com a Escola de Enfermagem, mas também a Residência e recentemente o Clube das Enfermeiras.
Não sei como tudo isto pode acontecer num patrimônio protegido pela Historia, que talvez esteja legalizado como patrimônio tombado da cidade de São Paulo.
Neste 12 de maio algumas pessoas, 30, 40 ou talvez 50 irão comemorar no Hospital Samaritano o Dia Internacional da Enfermagem, sem sequer ter idéia, desta bonita história.
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