Por outro lado, a imagem do plano de fundo foi feita pela Curiosity Mars Science Laboratory em 08 de setembro de 2012 no 33º dia após o pouso na superfície de Marte observando-se o solo marciano como jamais foi visto. E também não é bobagem...
Image credit: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Nasa reformula seus projetos

Mudança de Direção
O ex-astronauta Charles Bolden, administrador da Nasa, confirmou que o Programa Constellation, estabelecido durante o governo Bush para levar astronautas de volta à Lua até 2020, está cancelado. Bolden fez questão de destacar que o orçamento enviado pelo presidente Barack Obama para a agência aumenta a verba para a agência em US$ 6 bilhões de dólares ao longo dos próximos 5 anos, mas afirmou que o Constellation não sera "executável".
O programa lunar Constellation foi iniciado pelo presidente George W. Bush após o acidente com o ônibus espacial Columbia, em 2003, que resultou na morte de sete astronautas quando a nave em que viajavam quebrou ao retornar à atmosfera da Terra.
A idéia era aposentar o avião espacial e substituí-lo por uma nova nave e novos foguetes capazes de enviar humanos para além da órbita da Terra.
Críticos, no entanto, diziam que o programa nunca foi financiado adequadamente. Quando surgiram dificuldades técnicas, começaram a haver atrasos no cronograma.
Obama está cancelando o Constellation apesar de a Nasa já ter gasto cerca de US$ 9 bilhões no projeto.
Com o cancelamento, serão abandonados os esforços para a criação dos foguetes Ares I, para transporte de astronautas até a órbita da Terra, Ares V para transporte de carga, e da cápsula Órion, que iria substituir os ônibus espaciais. Bolden afirmou ainda que a Nasa continua comprometida em realizar as cinco últimas missões de ônibus espaciais ainda em 2010, com a aposentadoria dessas naves em seguida.
Com isso, a partir de 2011 os EUA não terão uma tecnologia doméstica disponível para levar astronautas ao espaço. O novo plano pede investimentos em empresas privadas para que as companhias criem essa tecnologia e a forneçam ao governo, a partir de meados desta década. Além de ser uma usuária desses foguetes e cápsulas, a Nasa também estabeleceria e monitoraria padrões no novo mercado, especialmente em questões relativas à segurança da tripulação.
Novas tecnologias
Bolden anunciou que o orçamento da Nasa, cria três novos programas de desenvolvimento tecnológico para permitir que astronautas viagem para a Lua, Marte e até asteróides, no futuro. Embora não tenha mencionado datas para o lançamento desses vôos, os novos programas têm orçamentos previstos para os próximos cinco anos.
O primeiro desses programas terá uma verba de US$ 7,8 bilhões, para estimular a criação de novas abordagens para viagens espaciais, como o estabelecimento de depósitos de combustível no espaço e novos sistemas de reciclagem de ar e água para naves tripuladas.
Um programa de desenvolvimento de um novo foguete de carga, com foco em novos combustíveis, motores, materiais e processos terá US$ 3,1 bilhões. O objetivo, é levar à inovação de métodos para acessar o espaço e ir além da órbita baixa da Terra.
Outros US$ 4,9 bilhões serão destinados ao desenvolvimento e teste de novas tecnologias por meio de prêmios e incentivos ao setor privado.
A Nasa terá ainda US$ 3 bilhões para as chamadas "missões precursoras", com robôs, que "abrirão caminho para a exploração posterior, com seres humanos, da Lua, Marte e asteróides". Bolden citou como exemplo a missão LCROSS, que confirmou a existência de água no pólo sul da Lua.
Acesso ao espaço será privatizado
"Imagine viagens a Marte que levem semanas, em vez de quase um ano; pessoas espalhando-se pelo Sistema Solar interior, explorando a Lua, asteróides e Marte quase simultaneamente, num fluxo contínuo. E Imagine tudo isso sendo feito em colaboração com nações de todo o mundo", disse Bolden. "É isso que o plano do presidente para a Nasa permitirá, assim que desenvolvermos as capacidades necessárias", pois novos programas de exploração dependerão de parcerias com o setor privado e com outros países
Na verdade toda esta reformulação do orçamento da NASA ficou suspenso durante meses, enquanto uma comissão independente estudava as opções e a Casa Branca analisava os resultados. A escolha de Obama foi apresentada oficialmente na segunda-feira 1º de fevereiro.
Desperdício
Esta comissão reunida pela administração Obama atingiu dois pontos de amplo consenso. O primeiro foi que fazia pouco sentido passar dez anos construindo a estação espacial, para então jogá-la no lixo após apenas cinco anos de operação.
O segundo foi que, nos níveis atuais de financiamento, cerca de US$ 100 bilhões para vôos espaciais tripulados por humanos na década de 2010 a 2020, o atual programa era, nas palavras do painel, "não executável".
A Nasa pode não chegar à superfície lunar nem mesmo em 2030, segundo a conclusão da comissão. Estender a vida da estação espacial desviou ainda mais verba dos esforços lunares. Cumprir a meta de retornar à Lua até 2020 pode exigir US$ 50 bilhões adicionais.
Nenhum plano alternativo cabe no orçamento. "Nossa visão é que será difícil, com o orçamento atual, fazer qualquer coisa que seja realmente inspiradora na área dos vôos espaciais", disse Norman Augustine, ex-diretor executivo da Lockheed Martin e presidente da comissão, durante sua última reunião pública, em 12 de agosto.
Conforme solicitado foram oferecidas diversas opções a serem consideradas pela administração, nenhuma recomendação em particular, e todas as opções incluíram compromissos que a administração deveriam assumir e decidir para onde ir,e como chegar lá.
A opção mais simples seria seguir com o programa atual, mas num ritmo mais lento para se adequar ao financiamento disponível, chegando à lua por volta de 2025.
Laboratório orbital
Bolden também disse que os EUA prorrogarão seu compromisso com a Estação Espacial Internacional (ISS) "pelo menos até 2020", em vez de abandonar a estação em 2015 ou 1016, como previa o plano apresentado no governo Bush. Afirmou ainda que, uma vez completa, a ISS será tratada como "um grande laboratório". "Todo os tipos de educadores, escolas, instituições científicas e instituições de outros governos usarão a ISS para pesquisas".Ele quer que parte do investimento adicional seja usado para incentivar empresas privadas, para ajudá-las a desenvolver uma nova geração de sistemas de lançamento para transportar humanos para a Estação Espacial Internacional.
Além de ser uma usuária desses foguetes e cápsulas, a Nasa também estabeleceria e monitoraria padrões no novo mercado, especialmente em questões relativas à segurança da tripulação.
"Uma forte indústria comercial americana de lançamentos especiais trará uma competição muito necessária, agirá como um catalisador para o desenvolvimento de novos negócios capitalizando o acesso mais barato ao espaço, ajudará a criar milhares de novos empregos e a reduzir o custo do acesso humano ao espaço", diz a declaração de orçamento.
Missões da Nasa serão concentradas na própria Terra
Com o orçamento apertado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve fazer com que a Nasa se volte mais para o monitoramento e a observação da própria Terra, com investimento em equipamentos e pesquisas sobre a questão climática, por exemplo. Essa estratégia ganha força porque o tema do clima é uma das principais bandeiras do presidente dos Estados Unidos, em vez de se concentrar na exploração de outros planetas ou da Lua, por exemplo.
Durante o governo Bush, a observação da Terra e os estudos sobre o aquecimento global não eram uma prioridade. A tentativa era até de esconder isso. Agora com o Obama há um interesse maior em saber o que vai acontece com o nosso planeta, em colher dados que ajudem a proteger e defender a Terra, e torná-la um lugar mais sustentável.
Pouco interesse
"Acho que muita gente se importa pouco com o espaço", disse Bob Werb, presidente da Space Frontier Foundation, organização que defende a povoação do espaço. "Trata-se de um assunto essencial apenas para uma pequena porcentagem da população. Foi declarado que o apoio ao espaço tem um quilômetro de largura e uma polegada de profundidade, e há muito de verdadeiro nisso".
"O povo norte-americano não tem idéia do que está acontecendo", disse a congressista Gabrielle Giffords, do Arizona, e presidente do subcomitê espacial e aeronáutico. "O norte-americano médio não sabe que o ônibus espacial irá embora no fim de 2010.
Esperança
Até agora, ao menos, sair inteiramente do negócio dos voos espaciais não parece estar sendo considerado.
Como candidato presidencial no ano passado, Obama disse apoiar o objetivo de retornar à Lua até 2020. Desde que se tornou presidente, ele tem dito repetidamente que a Nasa tem de ser inspiradora, mas sem dizer o que ele acha que seria uma missão inspiradora.
A primeira decisão é uma das completas: aumentar a verba para o programa espacial para pelo menos US$ 130 bilhões ao longo da próxima década, o nível necessário segundo o painel, ou segurar as maiores ambições e manter os astronautas na órbita baixa da Terra pelas próximas duas décadas.
"Essa não é uma escolha que a Casa Branca queria ter", disse Giffords
Dificuldades
O projeto de orçamento de Obama, que começa a valer em outubro deste ano, precisa ainda ser aprovado pelo Congresso americano,e está sujeito a mudanças. Esta não será uma tarefa fácil.
Em discurso ao Congresso americano, Obama qualificou a geração de emprego como sua prioridade número um.
"As pessoas estão sem trabalho. Elas estão sofrendo. Elas precisam de nossa ajuda. E eu quero um projeto para gerar empregos na minha mesa sem demora. Empregos devem ser nosso foco número um em 2010", declarou.
Apesar disto, defensores da missão à Lua e milhares de funcionários dos centros espaciais da Flórida, Alabama e Texas estão preocupados. Congressistas desses Estados vêm atacando a idéia de abandono do plano, e alguns têm cargos em comitês que podem bloquear os planos de Obama. Por exemplo, o senador Bill Nelson, da Flórida, preside o subcomitê de espaço do Senado. E a presidente do subcomitê de espaço da Câmara, deputada Gabrielle Giffords, é casada com um astronauta.
No seu pronunciamento, o administrador enfatizou o potencial da criação de empregos do novo plano, principalmente no setor privado, e a necessidade de parcerias internacionais para levar metas mais ambiciosas adiante.
Homem na Lua
Em entrevista coletiva, outras autoridades da Nasa evitaram citar prazos para o envio de astronautas ao espaço para além da órbita da ISS, mas afirmaram que a agência não desistiu de explorar o Sistema Solar com missões tripuladas, e insistiram - numa crítica ao Constellation - que o novo plano "não cria falsas expectativas", e que o cancelamento do programa de retorno à Lua não deve ser visto como "um passo atrás".
"A verdade é que já estivemos na Lua, há 40 anos. Um foco de curto prazo em baixar o custo do acesso ao espaço e no desenvolvimento de tecnologias avançadas essenciais para nos levar mais longe, mais depressa, é exatamente o que a nação precisa", disse, em nota, Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua. A nota de Aldrin foi divulga pela Nasa.

Nenhum comentário: