Por outro lado, a imagem do plano de fundo foi feita pela Curiosity Mars Science Laboratory em 08 de setembro de 2012 no 33º dia após o pouso na superfície de Marte observando-se o solo marciano como jamais foi visto. E também não é bobagem...
Image credit: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A medicina e as mídias sociais

Antes de mais nada é preciso que fique claro que não sou especialista de mídias sociais, e dela entendo muito pouco ou quase nada. Seria então o caso de perguntar por que alguém que não entende nada de um assunto se põe a escrever sobre o mesmo?
A motivação veio de um encontro para o qual fui convidado semana passada para discutir sobre o “paciente informado”. Sobre esta nova personalidade que está nascendo já pude escrever meus pensamentos em post intitulado A Complexidade do paciente expert.
Neste encontro ficou muito nítido para todos os presentes algumas questões básicas como: As informações postadas na rede alimentam o paciente informado, e portanto este “alimento” precisa ser bom.
As mídias sociais podem ser os grandes geradores destas informações.
A área da saúde é perfeitamente adequada para receber as mídias sociais.
A área da saúde está carente de bons e ágeis mecanismos de informação.
Por tudo isto, resolvi escrever, tendo a certeza que não vou escrever Bobagens, mas apenas Controvérsias e Dúvidas porque é tudo que sei e estou assistindo.
As mídias sociais são ferramentas postas na internet que possibilitam a interatividade entre usuários que, por sua vez, são os responsáveis diretos pela criação do conteúdo ali disponibilizado. Os exemplos mais populares são as comunidades virtuais como o Orkut e sites de conteúdo como Blogs, YouTube , Twitter e outros tantos. Existem pessoas que estão cada vez mais se dedicando as mídias sociais, pois a funcionalidade deve assumir cada vez mais um papel importante na comunicação entre as pessoas no dia a dia.
Assim sendo o objetivo deste post é provocar a discussão da importância das mídias sociais especificamente na área da saúde.
Eu tenho a sensação de que as mídias sociais “cairiam como uma luva” dentro das organizações de saúde pelas suas necessidades e a maneira ágil, rápida e eficiente com que elas se comportam. Vejo as instituições de saúde comunicando-se com seu público interno e externo de forma obsoleta, incompetente e desorganizada. Estas empresas estão usando, como no século passado, jornais, folhetos, avisos em murais, e em elevadores.
Um dos hospitais que eu freqüento tem hoje (28/05/2009) circulando seu jornalzinho trimestral, com a capa chamando para comemoração de seu aniversário, que aconteceu em 25 de Janeiro!
Na melhor das hipóteses utilizam os e mails, porém de maneira totalmente equivocada de forma que quem não precisa recebe e quem precisa não recebe. Pior ainda estas empresas bloqueiam o uso das mídias sociais, quando na verdade deveriam estar disciplinando e criando política de acesso a estes modernos meios de comunicação.
Os hospitais precisam de tudo que as mídias têm: eficiência, rapidez, agilidade e futuramente credibilidade.
Fora do Brasil este eficiente e competente meio de comunicação já apresentou resultados atraentes e até mesmo já estão sendo usadas de uma forma rotineira.
Eu mesmo descrevi em um momento anterior o pioneirismo dos médicos do Hospital Henry Ford em Detroit que pela primeira vez twitaram de dentro de uma sala cirúrgica
O Twitter é um microblog e uma comunidade virtual. O autor pode enviar informações ou perguntas ou enfim qualquer tipo de comunicação com no máximo 140 caracteres, para a sua rede de relacionamento ou para uma pessoa específica. A ferramenta começa a encontrar aplicações na Medicina, como por exemplo mandar noticias sobre doenças e novos tratamentos para os pacientes; avisar os pacientes marcados se os horários das consultas estão atrasados; Status de uma cirurgia, recuperação e saúde de pacientes internados, enfim parece ter uma infinidade de utilidades.
A famosa Mayo Clinic dos EUA, com mais de um século de existência, está transmitindo suas informações para seu público interno e externo usando os recursos digitais, como Blogs, Facebook, Podcasts, YouTube e outras mídias.
Ela não é a única, mas ainda poucos hospitais utilizam essas mídias.
Um levantamento feito por Ed Bennet da Universidade de Maryland mostrou que dos 5.000 hospitais americanos, 128 têm canais no YouTube, 87 têm páginas no Facebook, 140 tem contas no Twitter e apenas 23 têm blogs.A maioria dos hospitais teme problemas de confidencialidade ou de passar uma imagem ou informação errada aos seus clientes.
A pergunta que estão fazendo é se esses recursos realmente estão atraindo novos pacientes.Experiência bem sucedida foi relatada pela na Kaiser-Permanente dos EUA, empresa muito forte na atuação da medicina preventiva e domiciliar que tem como foco a desospitalização.
Estudo realizado entre 2004 e 2007, mostrou os benefícios diretos da comunicação com os pacientes por meios eletrônicos, como agendamento, email, contatos com os provedores de serviços de saúde, etc.
Constatou-se uma diminuição de 26,2% nas consultas ambulatoriais, e um aumento de 900% nas marcações por telefone e de 600% nas comunicações por email. Outros benefícios, como redução nas despesas de deslocamento dos pacientes, e no desperdício de tempo, foram apontados.
Entretanto as mídias sociais enfrentam problemas que precisam ser resolvidos, para que as mesmas sejam adotadas de forma universal, sendo que talvez um dos principais, seja sua utilização para espalhar códigos maliciosos.
Pesquisa feita pelo Websense Security Labs mostra que existem mais de 200 mil sites falsos que utilizam os termos do Facebook, MySpace e Twitter em seus endereços de internet (URLs).
Segundo a pesquisa, essa modalidade de fraude cresceu entre os hackers junto com a popularização das redes sociais. O diretor de pesquisas de conteúdo da Websense, Charles Renert, acredita que os sites de relacionamento permitem que mais pessoas sejam atingidas mais facilmente. Isso ocorre porque são essas redes que conduzem os internautas até os sites, o que acaba economizando o trabalho dos hackers.
Outra questão importante é o número de processos contra blogueiros, que nos EUA cresceu 9 vezes em 4 anos, sendo que em 2007, foram iniciadas 106 ações judiciais contra usuários de blogs e redes sociais, quando em 2003, eram apenas 12, segundo a Universidade de Harvard e o número de processos contra blogueiros deve continuar crescendo, uma vez que o volume de pessoas que postam informações na web só aumenta.
Redes sociais como LinkedIn, Facebook, MySpace, Orkut e Twitter permitem que comentários precipitados atinjam milhares de usuários em questão de minutos.
Ao mesmo tempo, as empresas estão aumentando o uso de tecnologias para varrer a internet em busca de material protegido por direitos autorais e notícias negativas. Como resultado, blogs que se propõem a analisar qualquer coisa de professores do colégio a médicos e empreiteiros estão sendo processados por suas avaliações.
Nos que Estados Unidos a consultoria Burton Group desenvolveu um estudo sobre redes sociais nos negócios, pois observou que muitos de seus clientes estão enfrentando problemas em aderir as mídias sociais, sendo que, até mesmo companhias que tenham negócios voltados a projetos de redes sociais "continuam tendo um notável nível de incerteza".
O núcleo do problema é a desconexão entre rede social e a cultura tradicional de negócios corporativos. Redes sociais precisam ser vistas menos como uma questão tecnológica e mais como uma ferramenta de negócios. Para isso, é necessária uma mudança de comportamento, afirmam os especialistas.
Ainda de acordo com a Burton Group, a adoção das redes sociais nos negócios será lenta. Muitas companhias não implementarão o Facebook ou o Twitter aos seus negócios até que vejam claramente os benefícios alcançados por outras companhias que tenham adotado antes ou mesmo seus concorrentes.
O fenômeno das redes sociais veio pra ficar e com ele várias novas regras de boa convivência precisaram ser incorporadas ao dia-a-dia de quem usa essas ferramentas. Seja na página do Orkut, Facebook e até nos blogs, é preciso tomar cuidado com o que se “fala”, isto é, com o que é publicado, sejam mensagens, textos mais profundos, fotos e vídeos.
A advogada especialista em direito digital Patricia Peck, diz que “novas regras de boa convivência precisaram ser incorporadas ao dia-a-dia de quem usa essas ferramentas e as pessoas têm tem que se preocupar com o que falam nas redes sociais tanto do lado pessoal como profissional”.
Qualquer conteúdo postado na internet, seja numa comunidade, seja num blog, é quase permanente o que vai fazer com que as pessoas tenham mais cuidado para por uma foto ou vídeo no ar. No lado profissional, um comentário negativo pode render até a demissão de um funcionário.
Por coincidência enquanto terminava este post recebi duas notícias me merecem destaque:
Ministério do Trabalho entra no Twitter e cria núcleo de redes sociais.
Sua empresa deve estar no Twitter?
E portanto, são muitas as dificuldades para as mídias sociais entrarem definitivamente na área da saúde, entretanto a necessidade de valorizar e aplicar os conceitos de segurança, sigilo, confidencialidade e privacidade da informação na área da saúde, precisam sempre estar presentes pois sem eles não haverá sucesso.

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