Por outro lado, a imagem do plano de fundo foi feita pela Curiosity Mars Science Laboratory em 08 de setembro de 2012 no 33º dia após o pouso na superfície de Marte observando-se o solo marciano como jamais foi visto. E também não é bobagem...
Image credit: NASA/JPL-Caltech/MSSS.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O fotógrafo que documentou a própria morte


Bill Biggart registra a queda da torre norte do World Trade center, sua última foto antes de morrer

Neste próximo domingo estaremos relembrando a tragédia de 11 de setembro, que marcou e mudou a vida de todos nós.
Neste episódio exatamente às 10h28m24s do dia 11 de setembro de 2001, o repórter fotográfico Bill Biggart, de 54 anos, tirou a última foto da sua vida.
Segundo sua mulher, Wendy Doremus, "Ele morreu na batalha e fazendo o que amava, ele era um fotógrafo que amava cobrir grandes acontecimentos ao vivo e este foi o maior acontecimento que ele pode presenciar".
Morador de Nova York, ele correu para o World Trade Center assim que soube, por um taxista, que a torre norte do complexo fora atingida por um avião. Entre 9h09 e 10h28 daquela terça-feira, ele registrou mais de 300 fotos do maior ataque terrorista da história.
Provavelmente sem saber o real impacto do momento, Biggart diferentemente de todos os outros fotógrafos presentes, sentiu a necessidade de se aproximar um pouco mais. Morreu ao ser atingido pelos destroços do desmoronamento da torre norte de 110 andares, que queimara por 102 minutos após ser atingido pelo vôo 77 seqüestrado da American Airlines, às 10h28, e se tornou o único fotógrafo profissional a perder a vida naquele dia. Nenhum fotógrafo entretanto, conseguiu imagens como as dele.
Pouco depois da torre sul desabar, a primeira das duas, às 9h59, Wendy Doremus conseguiu falar com Biggart. Ele garantiu, contudo, que estava seguro, com os bombeiros, e marcou de encontrá-la em 20 minutos em seu estúdio, a poucos minutos do WTC.
“Ele deveria voltar para trocar o equipamento, pegar mais filmes, e trocar de roupas. Eu liguei várias vezes, mas ele não respondeu; ai então entendi que algo estava errado”.
Wendy conta que inicialmente teve esperança de que Biggart estivesse entre os feridos levados de ferry para New Jersey.
No dia seguinte, começou a procurar por ele, sem admitir que ele pudesse estar morto, pois ele já havia estado em várias guerras em vários lugares do mundo, da Irlanda do Norte ao Golfo Pérsico voltando às vezes com um olho roxo ou uma perna inchada, mas voltava, e até então nada era pior do que a guerra.

                                                                     Hugh Talman/France Presse

Quatro dias depois, Wendy recebeu a notícia de que as equipes de resgate haviam encontrado o corpo de Biggart sob os escombros da torre norte do WTC, junto a crachás de imprensa queimados, três câmeras destruídas, lentes, seis rolos de filme e um cartão de memória intacto com 150 imagens.
Três semanas depois do funeral, Wendy recebeu o material fotográfico, tendo sido tão doloroso como foi receber seu corpo, pois “eu iria ver e saber exatamente o que ele fez em sua última hora e meia de vida”.
O trabalho de Biggart está disponível em uma publicação online chamada Digital Journalist dedicada a mostrar o trabalho dos muitos fotógrafos que, como ele, arriscam suas vidas para contar uma história, aonde você poderá ver as últimas fotos feitas por Bill Biggart.
Bill esteve no Brasil em 1978, documentando o Carnaval do Rio de Janeiro, em preto e branco, e por paixão voltou em sua lua de mel com Wendy em 1980, passando por Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, onde deixou bons amigos...
Folha de São Paulo, 08 de setembro de 2011

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